Como seria viver em Miranda, lua de Urano?

Como seria viver em Miranda - lua de Urano
Quais seriam os grandes desafios para se criar uma colônia na estranha lua de Urano?


Essa matéria faz parte da série especial 'Como seria viver em outros planetas?' Confira todos os episódios clicando aqui.

Urano tem ao todo 27 satélites naturais, sendo 5 deles consideravelmente maiores que os demais. Levando-se em conta as grandes luas de Urano, Miranda é a menor de todas, porém é a mais intrigante.

"Quando a sonda Voyager 2 passou pelo sistema de Urano, em 1986, era inverno no hemisfério norte de todas suas luas, portanto estava muito escuro e conseguimos ver apenas uma parte, no caso, o hemisfério sul dos satélites", disse Jeff Moore, cientista planetário da NASA.




A superfície de Miranda, diferente de todos outros satélites naturais de Urano, é incrivelmente variada, com penhascos altíssimos, crateras monstruosas e uma aparência que faz lembrar o resultado de uma grande catástrofe global. Parece mesmo que a superfície de Miranda é um quebra-cabeças que não foi montado corretamente...

Encarar uma superfície altamente sinuosa como essa é algo desafiador, principalmente quando o assunto é criar uma base para nós, seres-humanos. Por sorte, essa estranha lua também possui planícies repletas de crateras, que são atravessadas por canyons e falhas gigantescas. Provavelmente, este seria o local ideal para se montar uma base.

Miranda - lua de Urano - astronauta - landscape
Ilustração artística mostra um astronauta observando a superfície sinuosa de Miranda, com Urano no céu.
Créditos: Galeria do Meteorito / Wilson Paes

Miranda também possui estranhas formações ovais que se parecem com pistas de corrida. Essas estranhas estruturas são chamadas coronae.

Alguns penhascos em Miranda chegam a ser 12 vezes mais profundos do que o Grand Canyon. Isso é muito assustador, afinal o tamanho do Grand Canyon já é absurdo, chegando a ter 1.8 km de profundidade! Imagine então um desfiladeiro com uma queda 12 maior?!!

Miranda em comparação com a Terra - infográfico
Por outro lado, a gravidade de Miranda é muito baixa (menos de 1% da gravidade da Terra). Por conta disso, se jogássemos uma moeda do alto de seu maior penhasco, ela levaria cerca de 10 minutos para atingir o solo. Já dá até pra imaginar alguns aventureiros acoplando pequenas asas pra pular lá do alto... Provavelmente, após algum tempo em Miranda, esse seria um esporte bem comum, para os corajosos...

Ao olharmos para o céu, não veríamos as cores deslumbrantes que estamos acostumados na Terra. Por conta da falta de atmosfera, não há variações durante o nascer ou o pôr do Sol. Pra falar a verdade, mesmo durante o dia veríamos o Sol apenas como uma estrela muito brilhante no firmamento. Uma experiência incrível, que nos faria lembrar da imensa distância que estamos de casa.

Além de não ter dias ensolarados e nem céu azul, Miranda é um mundo extremamente gelado, com temperaturas que chegam a -204°C. A temperatura mais alta nesse mundo gelado chega a congelantes -187°C. Qualquer exposição poderia ser fatal.

Outros perigos também poderiam nos rondar em Miranda, porém não conhecemos muito bem nenhuma das luas de Urano. Isso significa que provavelmente teríamos muitas surpresas por lá, como terremotos ou até, quem sabe, vulcões de gelo, isso sem contar com a intensa radiação de partículas carregadas produzidas pela magnetosfera de Urano, que seria um grande problema, principalmente no lado que fica eternamente virado para Urano, já que ela possui rotação sincronizada (assim como a Lua da Terra).




Miranda leva cerca de 1.4 dias terrestres para completar uma volta ao redor de seu próprio eixo, portanto essa é a duração de um dia por lá. Por outro lado, Urano leva 84 anos para completar uma volta ao redor do Sol, e por conta de sua inclinação de quase 98°, os polos de Urano e de suas luas enfrentam 42 anos de luz solar e 42 anos de escuridão total. Sabendo disso, as regiões equatoriais teriam 0.7 dias de luz solar e 0.7 dias de noite. Provavelmente a nossa colônia ficaria no equador de Miranda.

Miranda, lua de Urano - ilustração
Ilustração artística de um astronauta observando uma base em Miranda, lua de Urano.
Créditos: Galeria do Meteorito / Wilson Paes

O Sol, como dito acima, seria apenas uma estrela muito brilhante no céu. Para vê-lo como um pequeno disco, precisaríamos utilizar um filtro solar. Se estivéssemos no lado da lua que sempre está virado para o planeta, veríamos Urano tomar uma boa parte do Sol, cerca de 41 vezes maior do que a Lua cheia é vista da Terra.




Ao olhar para o céu, seria possível ver algumas outras luas de Urano, e claro, o céu de Miranda (sem atmosfera) também seria um ótimo local para nos aventurarmos com observações de telescópios. Já a comunicação com a Terra seria um tanto precária: uma mensagem levaria em média 2.5 horas para chegar ao destinatário. Não seria nada fácil...







Imagens: (capa-ilustração/Galeria do Meteorito/Richard Cardial) / NASA / Galeria do Meteorito / Wilson Paes
30/06/16


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4 comentários:

  1. Me intriga essa inclinação "rebelde" de Urano, em comparação com os demais planetas do sistema solar.
    Quanto a Miranda, uma vez vi um vídeo bem interessante onde é explorado essa ideia de exploração, não só em Miranda, mas no Sistema Solar inteiro. É de arrepiar. Segue o link:
    https://vimeo.com/108650530

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    Respostas
    1. Pode ter sido algum choque no passado com outro planeta ou lua.

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  2. Em planetas não colonizaveis podiam apenas servi como atração turistica, tipo lá montavam algum parques de diversões, algo do tipo.

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  3. Em planetas não colonizaveis podiam apenas servi como atração turistica, tipo lá montavam algum parques de diversões, algo do tipo.

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