Especial constelações indígenas (parte 9)

constelações dos indios
Viaje pela esquecida astronomia indígena em nossa série especial!

A observação do céu sempre fez parte de culturas antigas, e claro que com os índios brasileiros isso não poderia ser diferente.

Assim como ocorre com a Astronomia ocidental, a Astronomia indígena também é muito extensa (e até mais complexa), afinal, estamos falando de várias etnias e culturas diferentes, e por isso, não teria como resumir tudo em um único artigo, por isso, nós do Galeria do Meteorito decidimos fazer uma série. Clique aqui para encontrar o índice e o link dos novos episódios.

Nesse nono episódio vamos conhecer diversas constelações de culturas indígenas, mas que infelizmente não foram encontradas imagens para serem identificadas no céu noturno. Como foi dito no primeiro episódio da série, existem mais de 100 constelações indígenas, e como são várias etnias e culturas diferentes, as constelações podem ter nomes, formas e histórias diferentes.


Índios Tukano

Os índios Tukano, localizados no noroeste da Amazônia, têm uma paixão muito profunda com o céu noturno e suas constelações, chamadas de ñohkoa mahsã (seres ou gente-estrela). Os tuaknos possuem uma lista de 9 constelações principais, que são chamadas de Ñohkoa Diarã mahsã. Confira uma ilustração das principais constelações tukano:

principais constelações povo tukano
Arte representa as principais constelações dos povos Tukano, Tuyukas e Dessanos. Créditos: AEITY/ACIMET

Algumas constelações possuem seus siõka (brilhos), que são estrelas mais brilhantes da constelação, que seria responsável pelo brilho dela toda. Algumas vezes, os siõka podem ser planetas. Os siõka podem ter nomes próprios e podem funcionar como constelações, por isso, recebem nomes especiais.

Confira as nove principais constelações tukano e a época de seu ocaso:

nomes das principais constelações povo tukano

A tabela abaixo reproduz o ciclo de constelações dos índios Tukano e Dessana do rio Tiquié, e indica também a região do céu em que estão situadas e a época do ocaso de cada uma delas:


constelações tukano

Algumas constelações que se põem na mesma época, quase juntas, são consideradas constelações parceiras, nohkoã bahparitirã.

Os eventos mitológicos que dizem sobre a origem dessas constelações narram histórias de personagens que foram mortos, cortados e lançados no céu, transformados em gente-estrela (ñohkoa mahsã), em constelações.


Índios Bororo

Os índios bororo conhecem o nome de várias estrelas (Ikúie) e constelações. Uma lenda diz que os espíritos Kogaekogáe-doge ensinaram aos índios a denominação dos astros e das constelações. Normalmente, suas constelações são constituídas por apenas quatro ou cinco estrelas, bem próximas umas das outras. Quando não há luar, suas constelações servem para determinar a hora da noite. As constelações mais utilizadas pelos bororo para marcar a hora da noite são aquelas que conhecemos como Cruzeiro do Sul e Plêiades.

Veja as constelações e manchas sidéreas bororo:

constelações índios bororo

Mais algumas constelações bororo:

constelações índios bororo

E também há alguns desenhos de constelações bororo

imagens de constelações índios bororo




Gostou? Confira nossa lista de episódios, afinal seria impossível resumir toda a astronomia indígena em apenas uma matéria... Boa leitura!

Fonte: Cuabamorandu / Germano Bruno Afonso / Observatórios Virtuais / Vitae / Melissa Oliveira (antropóloga) / Aikewara.blogspot / ISSUU / Planetário  UFSC (etnoastronomia) / pib.socioambiental.org / Osvaldo dos Santos Barro / Universidade Federal do Pará / Aldeia Teko Haw / Flavia Pedroza Lima / Planetário do Rio de Janeiro / Diones Charles Costa de Araújo (DF) / Melissa Oliveira (antropóloga)
LIMA, Flavia P. (2004), Observações e descrições astronômicas de indígenas brasileiros - A visão dos missionários, colonizadores, viajantes e naturalistas. Dissertação de Mestrado em História das Ciências e das Técnicas e Epistemologia. Rio de Janeiro: COPPE/UFRJ.
LIMA, F. P. e Moreira, I. C. (2005), “Tradições astronômicas tupinambás na visão de Claude d’Abbeville”, Revista da SBHC, 3, 4-19.

LIMA, Flavia P. (2012), “A Astronomia Cultural nas Fontes Etno-Históricas: A Astronomia Bororo” in I Simpósio Nacional de Educação em Astronomia, Rio de Janeiro, Atas do I SNEA, 1, São Paulo: SAB.
08/04/15

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5 comentários:

  1. Primoroso trabalho, com essa série de artigos especiais. Muito interessante notar como certos padrões de constelações dos índios Tukanos realmente lembram os animais referidos, como nas constelações da garça e da jararaca.
    Diferentemente de certos povos, como os chineses ou egípcios, que enxergavam em certos padrões de estrelas quase que uma narrativa de um acontecimento, o povo tukano, ao contrário disso, desenhava no céu suas figuras quase que na forma de uma pintura.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. A cultura astronômica indígena brasileira é riquíssima e deve ser explorada, assim como ocorre na Astronomia greco-romano. As pesquisas em Etnoastronomia no Brasil é pouco discutida em meios acadêmicos, porém tem grande contribuição para o desenvolvimento do Ensino da Astronomia brasileira. Pensar em astronomia indígena dos nossos indígenas é pensar em diversas culturas astronômicas, até porque cada povo interpreta o céu de acordo como a realidade local.

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  4. A cultura astronômica indígena brasileira é riquíssima e deve ser explorada, assim como ocorre na Astronomia greco-romano. As pesquisa em Etnoastronomia no Brasil é certo que ainda pouco discutida em meios acadêmicos, porém tem grande contribuição para a Astronomia brasileira. Pensar em astronomia indígena nos nossos indígenas é pensar em diversas culturas astronômicas, até porque cada povo interpreta o céu de acordo como a realidade local.

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  5. Pra mim a melhor parte da astronomia de povos é quando as informações são ditas como ensinadas por seres, espíritos, entidades, etc. Algo interagiu com os seres humanos no passado. Resta saber o que foi.

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