Busca por vida em Marte deve ser priorizada nos locais mais secos, sugerem cientistas

vida em marte
Se realmente existe vida marciana, ela deve estar em rochas e solos repletos de... sal?

Se a vida já prosperou em Marte, seus últimos postos avançados na superfície do Planeta Vermelho seriam ambientes muito salgados, revela uma nova pesquisa.

Ao contrário do que se pensava anteriormente, locais áridos podem ser refúgios muito mais favoráveis à vida do que os cientistas previam. O novo estudo pode guiar futuras missões e rovers para os locais mais propícios de se encontrar vida em Marte, se é que ela realmente existe.




A ideia de que Marte pode ter sido o lar de algumas espécies de vida é enraizada em várias evidências, que sugerem que rios, lagos e mares cobriam grande parte da superfície do Planeta Vermelho a bilhões de anos atrás. Como a vida existe em praticamente todos os lugares onde há água líquida aqui na Terra, alguns pesquisadores sugerem que a vida pode ter sido igualmente abundante em Marte no passado, quando nosso vizinho possuía grandes quantidades de água. Além disso, pesquisas sugerem que a vida em Marte pode ter sobrevivido até os dias atuais...

Marte - sonda indiana
Marte visto pela sonda indiana Mangalyaan, em setembro de 2014.
Créditos: Indian Space Research Organisation

Hoje em dia,a busca de possível vida marciana é focada principalmente em antigos habitats úmidos. No entanto, os pesquisadores sugerem agora que as futuras missões a Marte priorizem também os lugares mais secos, que antes eram sumariamente descartados. Embora seja provável que Marte teve muita água em sua superfície no passado, ela secou ao longo do tempo, transformando o planeta em um ambiente árido e aparentemente inóspito. Mas nesse novo estudo, os cientistas enfatizam que antigos micróbios marcianos poderiam ter se adaptado a crescente aridez do Planeta Vermelho.

Para entender como a suposta antiga vida marciana poderia ter evoluído para sobreviver no ambiente seco atual, os cientistas investigaram adaptações à aridez aqui na Terra. Eles descobriram que "existem organismos que se adaptam a ambientes secos", segundo o co-autor do estudo, Dirk Schulze-Makuch, astrobiólogo da Universidade do Estado de Washington, EUA. As descobertas feitas por Dirk e seu colega Afonso Dávila do Instituto SETI (Instituto de Pesquisa de Vida Inteligente Extraterrestre) foram detalhadas na edição online da revista Astrobiology.

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Dirk Schulze-Makuch (a esquerda) e Alfonso Davila (a direita) realizando pesquisas
no hiper-árido deserto do Atacama, no Chile. Créditos: Dirk Schulze-Makuch

Nas regiões áridas da Terra, muitos organismos podem ficar sem água e não morrer, retornando a vida rapidamente após a reidratação, mesmo após anos de dessecação completa. Crostas de solo mostram que alguns micróbios complexos podem cobrir até 70% da superfície de alguns desertos, disseram os pesquisadores.

No entanto, uma mudança dramática é vista na mudança de regiões áridas para hiper-áridas. Crostas de solo se tornam cada vez mais fragmentadas ou irregulares, e há um declínio significativo na abundância e na diversidade de micróbios. Os micróbios em áreas hiperáridas são geralmente encontrados abaixo da superfície, ou no interior de rochas.




Em regiões mais secas da Terra, comunidades complexas de micróbios podem sobreviver dentro de crostas porosas feitas de sal. Estas crostas são higroscópicas, ou seja, elas tendem a absorver a umidade do ar.

Os pesquisadores sugeriram que, como Marte é muito seco, micróbios poderiam (ou deveriam) ter evoluído para resistir ao novo ambiente, retirando umidade atmosférica no interior de crostas de sal. Segundo Dirk Schulze-Makuch, "esses são os locais mais prováveis de encontrarmos as últimas formas de vida marciana."




Os cientistas sugeriram ainda que estes abrigos podem ou não ter desaparecido recentemente. De qualquer forma, as futuras missões a Marte deveriam analisar rochas ricas em sal, disse ele.

Dirk Schulze-Makuch observou também a possibilidade da vida ter sobrevivido no subterrâneo profundo de Marte, "tal como dentro de cavernas feitas por tubos de lava do passado remoto."







Fonte: Astrobiology Mag / Space
Imagens: (capa-The Martian/divulgação) / Indian Space Research Organisation / Dirk Schulze-Makuch
18/02/16

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4 comentários:

  1. Sobre o lance da vida existir em cavernas, lembrei do que já disse o menino Boriska sobre isso.

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    1. Acho que o que ele falou faz algum sentido, mas ele deve ter se enganado um pouco. Se Marte tem um núcleo quente a vida em cavernas pode existir ainda. Muitos organismos da superfície deve ter se adaptado às cavernas.

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  2. Locais mais secos? Óxente! São sertanejos? O triste é adivinhar e deduzir tudo por aqui, sem tirar os pés da Terra (o medinho...) Mas quando os primeiros humanos irão? Daqui a 20 anos? Em... 2036. Tá mas quando chegar 2025 a promessa será que para dali a 20 anos se chega a Marte. Ou 2045. Chegamos a 2045, com nossas arminhas bobas em órbita da calejada Terra e a promessa de chegar a Marte é em 20 anos. 2045+20 = 2065. Tá, tamos em 2065. A NASA chegará a Marte em em 20 anos (promessa): 2085. Promessas políticas e brigas entre irmãos, filhos da Terra, deixarão a mãe quase em neuras, certo? Filhos briguentos que não saem de casa... o que acontece depois? Apóóóófisss... vizinho! Vem cá!

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  3. Marte já era! Marte é a terra amanhã e Venus é a terra ontem! Quando o homem tornar a terra inabitável, as condições de suporte de vida em Venus já podem ter se iniciado, mas com certeza não para a espécie humana nos primeiros estágios.

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