Recentemente, uma equipe internacional de astrônomos, liderada pelo Instituto Max Planck para Pesquisa do Sistema Solar, descobriu um objeto único no Cinturão de Asteroides - um asteroide binário conhecido como 288P - que também se comporta como um cometa. De acordo com a equipe, esse asteroide binário sublima à medida que se aproxima do Sol, criando caudas semelhantes a dos cometas.
O estudo (publicado na revista Nature) só foi possível graças ao Telescópio Espacial Hubble e sua versatilidade na observação do espaço. A equipe foi liderada por Jessica Agarwal, do Instituto Max Planck para Pesquisa do Sistema Solar, e incluiu membros do Instituto de Ciências do Telescópio Espacial, do Laboratório Lunar e Planetário da Universidade do Arizona, do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins (JHUAPL) e da Universidade da Califórnia, em Los Angeles.
Usando o telescópio Hubble, a equipe observou primeiramente o objeto 288P em setembro de 2016 durante sua máxima aproximação com a Terra. As imagens revelaram que esse objeto não era um único asteroide, mas sim dois, de tamanho e massa semelhantes que se orbitam a uma distância de cerca de 100 km. Além disso, a equipe também notou uma atividade contínua e inesperada no sistema binário.
Como Jessica Agarwal explicou em uma declaração de imprensa, isso faz de 288P o primeiro asteroide binário conhecido que também é classificado como um cometa. "Detectamos fortes indícios da sublimação de gelo de água devido ao aumento do aquecimento solar - semelhante à forma como a cauda de uma cometa é criada", disse ela. Além de ser uma surpresa agradável, essas descobertas também são muito significativas para o estudo do Sistema Solar.
Uma vez que apenas alguns objetos deste tipo são conhecidos, 288P é um alvo extremamente importante para futuros estudos de asteroides. Ele é único! Outros asteroides binários que foram observados eram diferentes em tamanho e massa, tinham órbitas menos excêntricas e não formavam caudas semelhantes a de cometas.
A equipe concluiu que 288P já existe como um sistema binário há pelo menos 5.000 anos e deve ter acumulado gelo logo nos primórdios do Sistema Solar. "O cenário de formação mais provável de 288P é uma separação devido à rotação rápida. Depois disso, os dois fragmentos podem ter sido separados ainda mais por conta da sublimação", disse Jessica Agarwal.
A equipe do Hubble e a ESA criaram um vídeo ilustrativo revelando as características de asteroide e de cometa do objeto 288P. Quando nos distanciamos dele, por exemplo, fica evidente sua sublimação, ou seja, sua aparência de cometa:
Por ser tão diferente de outros asteroides binários, os cientistas são forçados a se perguntar se suas propriedades únicas são meras coincidências. Por ter sido encontrado por acaso, é possível que outros binários semelhantes sejam encontrados em breve.
"Precisamos de mais trabalhos teóricos e observacionais, bem como mais objetos semelhantes ao 288P, para encontrar uma resposta a esta questão", disse Jessica Agarwal. "Enquanto isso, este asteroide binário exclusivo assegura aos astrônomos muitas oportunidades interessantes para estudar a origem e a evolução dos asteroides em órbita entre Marte e Júpiter."
Estudar e compreender asteroides que se comportam como cometas é crucial para a compreensão de como o Sistema Solar se formou, e como ocorre sua evolução. Estudar a população do Cinturão Principal também nos ajuda a entender como os planetas se formaram há bilhões de anos e como a água foi distribuída pelo Sistema Solar. Com isso, teremos uma dica de como e onde a vida começou a surgir na Terra, ou até mesmo em outros mundos...
Imagens: (capa-ilustração/Hubble/ESA) / Hubble / ESA / divulgação
03/10/17
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